quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

crítica a um hipotético eu futuro

Caro Professor Doutor, não minta (pra si):
o que seria de você sem os seus textos,
sem os livros que leu, sem mil linhas no Lattes,
sem o marco teórico do seu mestrado? 

não me responda, só pense, quieto, sozinho.
esqueça a almofada de aspas que te ampara,
levante-se da sua fofa cama teórica,
fique nu de certezas alheias e pense:

o que te move? Amor à Ciência, à Verdade?
não minta: quem sabe, pode; quem pode, manda.
a pose de ser "autoridade no assunto"
te afaga a vaidade em devaneios secretos.

seu ser é só conceito, seu fazer é verbo —
te desafio a fazer brilhar suas ideias
sem essas pomposas lantejoulas retóricas,
mas só com o pano leve das palavras simples... 

no fundo, toda essa teoria é covardia,
é o medo de encarar a crueza da vida,
é a fraqueza do frouxo que foge do forte,
é a desculpa do lerdo que fica por último. 

em que consiste a essência do que você pensa?
já notou o quanto você é tosco e sem graça?
não chame de profundo o que só é confuso. 
diz "estou acima!", mas de fato está atrás.

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