terça-feira, 25 de agosto de 2009

Oráculo biológico

De agora em diante eu sei em quem confiar. Numa voz que sussurra às vezes na minha cabeça, mas que se manifesta principalmente com um leve ardor na região do estômago, ora bom, doce, trazendo uma sensação de euforia e me enchendo de esperança; ora ruim, me dando ância de vômito, medo, receio e um sutil mal-estar (mas o suficiente pra me convencer naquele momento de que a existência em si é um pesar). Tenho essa estranha sensação quando me deparo com uma situação de escolha - quando o livre-arbítrio é posto à prova.

Não sei se atribuo isso a um anjo da guarda, uma iluminação divina, um poder mediúnico, um amigo imaginário, um sintoma de esquizofrenia, minha consciência ou algum sentido parapsicológico. Não quero saber, afinal. Aprendi que esse sentido nunca falha, quando devidamente identificado.

O segredo é respirar fundo agradecendo ao ar, olhar pra vida agradecendo a Deus por esse presente eterno chamado "agora", confiar em si mesmo e encarar tudo de frente. Só então me sinto seguro pra confiar nessa estranha sensação, que prefiro chamar de intuição.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

sábado, 22 de agosto de 2009

Se existe algo inalcançável em toda a existência, é o horizonte. Jamais estaremos a um passo dele. Não importa o quanto a gente caminhe, o quando a gente corra...jamais alcançaremos, jamais chegaremos lá. É como tocar o céu. Como saberemos onde é seu fim ou seu meio? Como saberemos em que ponto do céu o arco-íris nasce? Como saberemos aonde o céu e o mar se encontram?
É infinito, é vasto. A real beleza do mundo que nos rodeia. A única que jamais será tocada pelas mãos ambiciosas do homem. Então senta, observa e aproveita, pois a visão é um presente que Deus nos deu para o "livre acesso" de sua área restrita, sem ter que marcar horário. Basta olhar.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Viva para ser feliz.

Ultimamente a felicidade momentânea me basta. Sem me preocupar no antes, ou no depois, vou apenas viver o agora, e ser feliz. Independente de qual seja o fim, ou o começo. Pode durar um dia, como pode durar uma vida. O importante é que tudo que acontece, só acontece porque era pra acontecer.Não creio que as coisas sejam por acaso.
Fazer planos, em certas ocasiões não é uma boa alternativa, afinal, os acontecimentos devem seguir seu próprio curso, em seu devido tempo. O que se pode fazer, são escolhas, mas ainda sim, a vida vai seguir seu próprio caminho com base nas suas decisões. Então, ao invés de se preocupar com o que pretende fazer amanhã ou daqui a dez anos, viva o agora, e ao menos faça com que ele valha a pena. Dessa forma, seus atos e pensamentos jamais terão sido em vão.

O preço da viagem

Esse é um alerta pra quem viaja bastante, principalmente pra esses que já nem lembram mais como é pisar em terra firme.

Ao voar como voamos, amigo(a), sei que mergulhamos fundo num aconchegante universo paralelo, descobrimos coisas maravilhosas com a fascinação de uma criança que descobre o mundo pela primeira vez. Mas é primordial que se tenha noção de que esse mundo está na sua mente e é, acima de tudo, irreal. Você está criando aquilo ali naquele momento. É uma delícia, eu sei. Parece infinito, eu sei e todos sabemos, porém, por mais lindo e seguro que pareça, é um lugar que você paga pra passar uma temporada, e não morar lá. E esse pagamento é em neurônios. Só pra recordar: os neurônios que nos fazem pensar. Temos que pensar pra agir (sim, inclusive você que se diz impulsivo(a)), e são nossas ações que determinam o que somos, que lapidam nossa essência.

Seguindo esse silogismo simples chega-se facilmente a uma conclusão, caso você ainda pense: certas viagens cobram você mesmo como tarifa. Antigamente chamavam isso de vender a alma.


(...)

Reflita antes de continuar.

(...)


Seja humilde e aceite o mundo como ele é e com o que ele tem, não seja ganancioso. Voe alto, mas não perca o horizonte de vista. Ter só o próprio céu como referência vai te fazer subir, subir, subir... e quando se sai da órbita, você sabe o que acontece, né? Não? Esqueceu? Google it.
Certas viagens exigem com antecedência a compra da passagem de volta, do contrário, é certo que você se perca e não saiba voltar.

Perder-se também é caminho, mas não se perca de quem caminha com você, pois com certeza você não saberá o caminho de volta.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Boring...

Que tédio. O céu está tão cor de céu... a parede está tão dura, fria, suja... está tão parede! Minha mão está sentindo tudo o que eu toco! Estou entendendo tudo que ouço e decodificando todas essas tediosas informações que me bombardeiam o dia todo.

Aquilo é aquilo e isso é isso! Eu sou eu, e estou aqui! Aqui! Só aqui!! Para o que eu olho é só o que eu vejo; os barulhos que ouço é só o que eu escuto. Fecho os olhos e vejo as marcas recentes na minha retina; tampo os ouvidos e ouço o som grave da pressão sobre meus tímpanos. Vejo tudo acontecendo, e o tempo passando, impiedoso.

Sinceramente, acho que uma hora é muito pouco tempo para uma volta do ponteiro grande no relógio. Deveria durar mais. Minha vida parece um segmento de reta AB’. Tudo se encerra, se limita, passa, acaba... E eu, no fim, não saio do lugar! Preciso de um antídoto contra todo esse tédio e chatice.

Vou sair pra comprar, já volto.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Acorde.

Quando todos seus objetivos ultrapassam algo muito além da realidade, é inútil pensar com sensatez.
De uma vez por todas você entra em algo que existe apenas em sonhos, buscando soluções descartáveis para cada passo em falso. Quanto mais você chega perto da descoberta, mais você pensa no que te levou ao delírio.
O delírio de questionar a liberdade, de se sentir muito mais capaz de mudar o imutável.
Cada defeito se parece mais com uma possibilidade.E a cada erro, você dá um passo em direção à certeza.
Nos sonhos, onde tudo é possível, é muito fácil alcançar uma meta de dificuldade visível no mundo real.
Mas você não vê também, que você pode ter tudo com lucidez. Dando um novo passo a cada dia e realizando sonhos, ao invés de viver neles. Com cada simples ato singelo, sem fugir do que existe de verdade.
Sonhos e realidade podem coexistir, mas infelizmente o ideal não é sinônimo do real.
Então você sempre deve saber a hora de acordar.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O tal ato em vão.

Ultimamente tenho pensado no porque de tanto procurar. Um ato tão inopinado, que quando percebemos já achamos. Sendo que não havia nada para se achar. Estava tudo aqui, completo, sem cortes ou censura. Sempre esteve. E toda essa pretensão tentando mascarar a realidade, nos fazendo buscar sempre mais, e que quando se encontra cria essa falsa ilusão de felicidade e euforia.
Isso já não cabe mais a mim. Não a mim!

Para os estudantes.

Existem três formas de ser feliz, ó você estudante!
Primeira: saia da escola e não volte nunca mais; renuncie à ciência e abra mão do conhecimento acumulado nos últimos cinco milênios. Então vá para uma igreja, não importa qual, e entregue-se integralmente a Deus; ore muito, mas muito mesmo, afinal, não há nada melhor que acreditar piamente numa força maior que vai providenciar tudo, destinando aos bons de coração um lugar bem arejado no Paraíso. Enfim, saia da escola e vá a uma igreja, uma vez que não se pode estudar Darwin enquanto Deus diz que criou Adão sete dias depois de criar o mundo; e não dá para estudar o homem paleolítico enquanto a Bíblia diz que o homem sempre foi da forma que é hoje: à imagem e semelhança do Criador. Desapareça da escola, e vá com Deus.
Segunda forma de ser feliz: heroína. Felicidade, júbilo, deleite e êxtase garantidos. Mas tome cuidado: não fique sequer um dia sem "tomar um pico", pois a abstinência é infernal. Garanto-lhe que passará o resto dessa sua "vida" numa felicidade inexplicável, com uma seringa atrás da outra, incessantemente: acabado o efeito de uma, parta para a próxima; só tire um tempo, se você lembrar, para comer. Ir no banheiro não precisa. E tenha algo letal ao alcance, pois uma hora você vai querer se matar.
Terceira: estude. Estude que nem um filho-da-puta. Venha com no mínimo 8 em todas as matérias, o suficiente pra entrar de cara em uma boa faculdade, ficar totalmente independente de qualquer pessoa e fazer o que quiser da vida. Ou, se isso não lhe apraz, estude como um bastardo, esforce-se para ser o melhor na escola, faculdade ou o que for, pois você colherá os frutos desse esforço mais tarde, independente de qual seja a sua área. E se, para sustentar seu próprio pensamento e filosofia de vida você precise de uma bengala, adira a uma religião qualquer que lhe faça a cabeça e jogue todo o peso excedente nas mãos do Além.
No primeiro caso, você seria feliz e pobre o resto da vida. No segundo, você duraria no máximo três meses. No terceiro caso, ficaria feliz e rico o resto da vida, caso você não seja um completo imbecil. Nesse caso: jogue nas mãos de Deus.
Tá, sinceramente, acho que você deve esquecer tudo isso e ir perguntar pro seu pai. Não sei o que estou falando...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Hoje

Só mais um dia de férias (férias prolongadas por causa de uma marolinha de Influenza A), uma segunda-feira com a tranquilidade de um sábado e a melancolia de um domingo. Acordei, conferi a claridade da veneziana e constatei que já não era tão cedo. O celular marcava 11:11, mas esse tipo de coincidência já não me surpreende mais.

Abri a janela, respirei fundo, estiquei os braços, limpei os olhos, coloquei o travesseiro de pé na cabeceira, me encostei, ajeitei as cobertas e mergulhei em devaneios fúteis. Em pouco tempo adormeci de novo, naquela sonolência que traz os sonhos mais vívidos.

Acordei novamente à uma e pouco, e minhas costas já doíam. Foi a culpa por dormir tanto que me fez pular da cama bruscamente, surpreendendo meu sistema vascular, que jogou minha pressão lá pra baixo. Corri o risco de desmaiar e bater com a cabeça em alguma quina, mas já me acostumei tanto com essa situação que me divirto com ela, me equilibrando na semi-consciência de quem está prestes a desfalecer. Isso dura uns dez segundos, e dá uma vertigem deliciosa.

Pedi para meu pai voltar a música que acabara de tocar na sala, "Por Você", do Pato Fu. Estava sonhando com o show da banda, pois o DVD deles estava tocando a manhã inteira. Fiz reflexões profundas nessa música enquanto comia mecanicamente meu cerimonioso cereal matinal. Andei pra lá e pra cá, conversei com meu pai, conversei com a cachorra, brinquei com meu pai, brinquei com a cachorra, entrei no MSN, Orkut, blogs, notícias... nada de novo, só algumas risadas. A única pessoa que poderia dar algum sentido pra esse meu começo de dia não estava online. Por isso comecei a pescar qualquer coisa que me entretesse, como, por exemplo, ler uma crônica da Clarice.

Estava lá, lendo, feliz da vida, quando meu pai pergunta:
-Você não quer comer?
-Não, ainda não to com fome.
-Tem comida na geladeira, a comida de ontem, é só esquentar.
-Tá, depois eu como, agora ainda não to com fome. Mas ultimamente eu to tendo muita fome, estranho, acho que engordei um quilo essas férias, vou me pesar.
-Tem uma balança no meu quarto.
-Ok (como se eu não soubesse da existência da balança).

Levantei num salto, esqueci completamente do texto e fui até o quarto me pesar: exatamente o mesmo sub-peso de dois anos atrás, sem nenhuma grama a mais nem a menos. Agora eu não sei se fico feliz ou desesperado, por que eu passei um mês inteiro numa larica constante, comendo que nem um obeso compulsivo, e quando espero receber a recompensa em massa corporal, o ponteirinho bate na mesma infeliz marca de 55kg! Peso de moça, você tem que concordar. Pro meu tamanho, isso não é normal. Anyway...

Depois disso, fui voltar a ler o texto, mas quando sentei, esqueci o que estava fazendo e fui verificar meu Orkut. Como sempre, nada. Revi o que já tinha visto de notícias, e tive vontade de tomar café. Digo: mais café, pois até lá já tinha tomado meio litro. Retornei à Clarice, mas logo abandonei, pois senti vontade de tomar banho. Não tenho o hábito de tomar banho no meio da tarde (sempre deixo pra noite). Mas simplesmente tive vontade de tomar banho! Foi o que eu fiz.

Meu pai tinha saído e meu irmão estava no interior. Pensei em como aproveitar essa liberdade. O que se faz quando está sozinho em casa? Sexo, drogas e rock 'n' roll? Bem, não tinha ninguém pra fazer sexo, nem estava no pique de ver pornografia; quanto às drogas, não tinha nenhuma disponível; e rock 'n' roll... não, o silêncio é uma virtude de quando a casa está vazia. Passei a tarde conversando bobagens no MSN.

Fazia tempo que eu não deixava de fazer uma coisa e ia fazer outra assim, do além, de livre e espontânea vontade, como eu fiz várias vezes hoje. Parece uma grande bosta, completamente irrelevante, mas pra mim é estranho. Sinto que mudei de uns tempos pra cá. Estou mais solto, mais leve. Ainda não sei o motivo, e não quero saber.

Esse é o segredo: não saber.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Lua

Calada, triste, passiva, constante
A Lua gira em torno de sua musa,
Eterna amada, impossível amante.

Sempre foi tímida, exibe um só lado
E assiste, atônita, sua bem-amada,
E morre aos poucos, num choro calado.

Ah! se ela pudesse, ao menos um dia
Beijar-lhe de leve e tê-la nos braços.
Mas só gira em círculos. Que ironia!

Não estão sós, nem trocam companhia.
A Terra girando, feliz da vida;
A Lua chorando, inspirando poesia...