terça-feira, 4 de julho de 2017

fanfic

se creio em algo? sim e não. sou adepto
do neo-vedanta afro-nietzscheano:
creio na coragem moral, no virya
do espírito livre dono de si
e na imanência do som do atabaque 

por ser fiel ao sentido da terra,
só creio no meu corpo e no que sinto:
por isso creio no brilho de ajna,
no som da kriya e no peso do braço
que some na dança da gira de índio 

creio na leveza que eclode em mim
nos momentos de ishvarapranidhana
e nas pazes que fiz comigo mesmo
ao negar qualquer "tu deves" postiço
e impor a ordem que quero ao que faço

creio na gaia ciência do yoga!
yamas: cinzel que esculpe a vida bruta
com a disciplina rígida do artista
niyamas: quartel general da vontade,
impio Arjuna gladiador de Chronos 

sou fiel à minha águia e à minha serpente 
— a intuição e o ceticismo de um jnanin — 
creio no rigor lógico do Samkhia,
na moral sem moralina do Advaita
no "tenha força!" que ouvi de Seu Antônio

ah! tivesse Nietzsche ido num terreiro!
todos seus ditirambos dianisíacos
seriam pontos de baiano e caboclo
ah! se no caminho de Zaratustra
tivesse aparecido um preto velho!

ah! tivesse Nietzsche tido um guru!
seu Inaudito não seria um mistério
e toda sua busca teria um norte
ah! se no caminho de Zaratustra
tivesse aparecido algum sadhu!

creio num viver vigoroso e calmo,
na potência do eterno "sim!" à vida.
creio no que me empodera e embeleza.
se tudo no mundo, no fundo, é incrível,
em qual absurdo você quer crer?  

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